Hermenêutica
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Hermenêutica
Hermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos escritos. A palavra deriva do nome do deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuiam a origem da linguagem e da escrita e consideravam o patrono da comunicação e do entendimento humano.
Origem do Termo
O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Filosoficamente têm-se que o termo deriva do nome de Hermes, que na mitologia grega é um deus, o deus Hermes. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da Bíblia. Spinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.
Outros dizem que o termo "hermenêutica" deriva do grego "ermēneutikē" que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos, especialmente das Sagradas Escrituras; "interpretação" do sentido das palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.
Conceito
Para Schleiermacher a hermenêutica não visa o saber teórico, mas sim o uso prático, isto é, a praxis ou a técnica da boa interpretação de um texto falado ou escrito. Trata-se aí da "compreensão", que se tornou desde então o conceito básico e a finalidade fundamental de toda a questão hermenêutica. Schleiermacher define a hermenêutica como "reconstrução histórica e divinatória, objetiva e subjetiva, de um dado discurso".
Os eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os eventos históricos, os valores e a cultura devem ser compreendidos. (Wilhelm Dilthey é primeiro a formular a dualidade de "ciências da natureza e ciências do espírito", que se distinguem por meio de um método analítico esclarecedor e um procedimento de compreensão descritiva.) Compreensão é apreensão de um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão como conteúdo. Só podemos determinar a compreensão pelo sentido e o sentido apenas pela compreensão.Scheleiermacher faz distinção entre compreensão divinatória e comparativa:
* Compreensão comparativa: Se apóia em uma multiplicidade de conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a partir do enunciado.
* Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou apreensão imediata do sentido.
Heidegger, em sua análise da compreensão, diz que toda compreensão apresenta uma "estrutura circular". "Toda interpretação, para produzir compreensão, deve já ter compreendido o que vai interpretar".
Estruturas básicas da compreensão
* Estrutura de horizonte: o conteúdo singular é apreendido na totalidade de um contexto de sentido, que é pré-apreendido e co-apreendido.
* Estrutura circular: A compreensão se move numa dialética entre pré-compreensão e compreensão da coisa, em um acontecimento que progride em forma de espiral, na medida que um elemento pressupõe outro e ao mesmo tempo faz com que ele vá adiante.
* Estrutura de diálogo: No diálogo, mantemos nossa compreensão aberta, para enriquecê-la e corrigi-la.
* Estrutura de mediação: A imediatez se apresenta e se manifesta em todos os conteúdos, mas que se medeia à compreensão em nosso mundo e em nossa história.
Explicação e compreensão
Segundo Wilhelm Dilthey, estes dois métodos estariam opostos entre si: explicação (próprio das ciências naturais) e compreensão (próprio das ciências do espírito ou ciências humanas):
"Esclarecemos por meio de processos intelectuais, mas compreendemos pela cooperação de todas as forças sentimentais na apreensão, pelo mergulhar das forças sentimentais no objeto."
Paul Ricoeur visa superar esta dicotomia. Para ele, compreender um texto é encadear um novo discurso no discurso do texto. Isto supõe que o texto seja aberto. Ler é apropriar-se do sentido do texto. De um lado não há reflexão sem meditação sobre os signos; do outro, não há explicação sem a compreensão do mundo e de si mesmo.
Hermenêutica bíblica
Hermenêutica bíblica abrange a relação dialética que visa substancializar os significados dos textos bíblicos para aproximar o mesmo da realidade fáctica, na qual se vislumbra o esclarecimento por meio da Bíblia. A hermenêutica bíblica utliza-se de outros princípios comuns aos demais tipos de hermenêutica, como por exemplo a hermenêutica jurídica que segue os princípios da inegabilidade do ponto de partida e a proibição do "non liquet". Em verdade, a hermenêutica bíblica não deve se afastar do texto bíblico, bem como não se abstem da problemática inicial do hermenêuta. O principal objetivo da hermenêutica bíblica é o de descobrir a intenção original do autor bíblico. No caso dos textos da Bíblia o leitor, ao menos racionalmente, não tem acesso direto ao autor original. Por isso é necessário aplicar princípios da hermenêutica (a ciência da interpretação) ao texto bíblico.
Além do fator de separação pessoal entre o leitor atual e o autor original, há outras barreiras para a compreensão. Os últimos e mais recentes livros da Bíblia foram escritos há cerca de dois mil anos atrás. Além da distância de tempo, há diferenças de idioma, pois a Bíblia foi escrita originalmente em hebraico, aramaico e grego. Há ainda diferenças culturais e de costumes que separam os leitores atuais dos autores originais da Bíblia. Alguns exemplos são o sistema de sacerdotes e sacrifícios da Lei de Moisés no Antigo Testamento, e o uso do véu por mulheres no Novo Testamento.
Mesmo com todas as diferenças e a distancia que os separe, é possível um leitor atual ler e interpretar a Bíblia de forma a compreender seu pleno sentido. Para alcançar este objetivo, é necessário o respeito e uso de alguns princípios da interpretação bíblica, além da busca ao verdadeiro autor Jesus.
Além do fator de separação pessoal entre o leitor atual e o autor original, há outras barreiras para a compreensão. Os últimos e mais recentes livros da Bíblia foram escritos há cerca de dois mil anos atrás. Além da distância de tempo, há diferenças de idioma, pois a Bíblia foi escrita originalmente em hebraico, aramaico e grego. Há ainda diferenças culturais e de costumes que separam os leitores atuais dos autores originais da Bíblia. Alguns exemplos são o sistema de sacerdotes e sacrifícios da Lei de Moisés no Antigo Testamento, e o uso do véu por mulheres no Novo Testamento.
Mesmo com todas as diferenças e a distancia que os separe, é possível um leitor atual ler e interpretar a Bíblia de forma a compreender seu pleno sentido. Para alcançar este objetivo, é necessário o respeito e uso de alguns princípios da interpretação bíblica, além da busca ao verdadeiro autor Jesus.
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