Educação Nova Era
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Educação Nova Era
Fantasia Prática
Verdadeira chave das portas da alma
Por JUNE SCHAA, SRC
Verdadeira chave das portas da alma
Por JUNE SCHAA, SRC
Havia, em certa época, grande respeito pelos "contadores de histórias" natos. Mas, em nosso elogiável e prático progresso visando o domínio do nosso ambiente mundano, creditamos aos "contadores de histórias" um respeito intelectual não muito maior do que aquele que creditamos ao piloto que imprudentemente permite que seu avião entre em parafuso. Apesar disso, será que pode haver um lugar legítimo e uma utilidade prática em nossa vida para fantasias desenvolvidas de ocasionais tessituras de pensamentos autônomos? Como uma teia de aranha que atrai gotas de orvalho coloridas, a fantasia tradicional pode formar uma teia capaz de captar um mundo interior em que duendes e fadas - a "gente miuda" - podem viver uma existência significativa através de nós.
Fantasiaé um termo mais respeitoso para "sonhar acordado", embora todos saibamos o quanto improdutivos podem se esses sonhos e devaneios. Aprendemos também, desde crianças, que só se entregam a este passatempo aparentemente inútil pessoas de mentalidade infantil ou os menos afortunados de intelecto inferior.
É verdade que, em sua maior parte, os seres humanos tendem a ser mentalmente preguiçosos. É bem mais fácil deixarmos para o dia seguinte o que podemos fazer hoje. Por isso é preciso que alguém nos lembre de dirigirmos nossos pensamentos postivamente, para que concretizemos criativamente, pois, com efeito, tornamo-nos aquilo que pensamos.
Contudo, na luta que travamos contra as nossas características naturais de indolência e protelação, devemos cuidar para que não nos descartemos de nossa "criança fantasiosa" com um nada prático banho de água fria. Devemos apreciar criteriosamente nossa capacidade natural de devaneio e fantasia, permitindo-lhe enriquecer nossa vida de labuta diária que, caso contrário, torna-se insípida. Vista sob este ângulo, a fantasia pode transformar-se em imaginação, atributo mental que sempre merece nosso respeito. Não obstante, devemos admitir que mesmo usando construtivamente, a fantasia é de fato uma estranha esposa casada com o intelecto objetivo, mas este casamento alquímico pode ocorrer por uma porta de fantasia que dá acesso á terra do visível bem e mal dos contos de fadas.
Na maior parte da primeira metade do século XX, época em que a psicanálise tornou-se popular, o interesse por contos de fadas era considerado um estágio mental que o homem intelectualmente culto havia deixado para trás juntamente com a Era Vitoriana. Muitos pais de então concluíram que os contos de fadas exerciam influência desnecessária e indesejável sobre seus filhos. Esses pais, preocupados, não desejavam atemorizar seus pequeninos com contos que encerravam horrores medonhos, nem desejavam alimentar as já naturais capacidades de seus filhos para crias fantasias e "inventar histórias" que não pudessem ser provadas pela realidade diária. Implícita nessas admoestações havia a sutil insinuação de que "contar histórias", como as "mentirinhas inocentes", não era próprio de crianças "boazinhas". E alguns adultos, indevidamente influenciados pelas primitiavs descobertas da Psicologia, pensaram que essas histórias de regiões imaginárias apenas acentuavam a já selvagem e bárbara natureza dos seus filhos.
Devido a que as histórias de fadas falem a própria linguagem simbólica da criana, despertam em sua mente infantil a confiança que lhe permite alcançar objetivos de um ainda desconhecido mundo do gigante adulto. Como adultos talvez pensemos que a fantasia é coisa infantil e ingênua. Mas será também inútil e não prática? a criança indefesa precisa da esperança reconfortante de que ela pode, e que vai de fato, conquistar o desconhecido mundo da realidade do adulto. Ela precisa que lhe ensinem a alcançar isto numa linguagem como que pode se indentificar e compreender. Caso contrário, ela pode desejar permancer num estágio primitivo, resistindo às forças que procuram fazê-la adaptar-se às responsabilidades que a civilização moderna espera de seus cidadãos adultos.
Ornitólogos têm evidências de que pássaros criados em total isolamento, sem nenhum contato com pássaros adultos, passam a assobiar um tipo de melodia muito primitiva da sua espécie. Do mesmo modo, crianças que tenham sido criadas sem o conhecimento reconfortante das histórias de fadas viverão um conto de fadas primitivo pessoal. Por conseguinte, como o pássaro isolado, esta criança dificilmente será capaz de alcançar na idade adulta o refinamento que alcança a pessoa que na infância teve contato com os exemplos contidos nos contos de fadas. Essas maravilhosas histórias infantis nos ensinam a linguagem simbólica de nossa herança interior. Precisamos, a cada nova vida, renovar nosso contato com essas histórias para que reafirmemos e cumpramos criativamente nossa herança evolutiva como adultos.
Do mesmo modo que os contos de fadas ajudam a criança a se ajustar a um mundo terrível e desconhecido da realidade do adulto, a religio-mitologia pode auxiliar o adulto amadurecido a se ajustar igualmente a uma desconhecida existência de além transição.
O Livro Egípcio dos Mortos aponta um dedo de esperança para a vida após a morte. As imagens simbólicas contidas nesses Mistérios de Osíris esboçam o desmembramento do deus morto e da coleta das diferentes partes do seu corpo pela deus Isis que, como irmã, esposa e mãe, ocasiona a eterna renovação da vida através de Hórus, filho seu e de Osíris.
Com o último período de nossa vida terrena advém o tempo em que devemos começar a escrever o nosso Mahabharata individual. Em outras palavras, podemos começar pela emulação do venerado deus hindu Ganesha. Ao tomarmos indiviso interesse no registro dos acontecimentos interiores e exteriores da nossa vida individual, dissecando então suas diferentes partes, podemos reuni-los todos em nossa maturidade, vivenciando assim o significado pleno que reside além da diversidade de nosso curto período de vida. Mas, como a criança que distingue a fantasia da realidade que irá viver no estágio seguinte de sua vida, o adulto pode fazer uso prático de uma verdadeira "Chave mitológica" que o ajudará a abrir as portas de um mundo transcendental, liberando a silente melodia que é a Alma.
Entretanto, dos anos setenta para cá, eminentes autoridades estão apresentando alguns fatos contrastantes sobre a relação que existe entre os contos de fadas e a adaptação da criança em seu ambiente familiar e mundano. Assim é que o conto de fadas está assumindo um papel importante e adequado no ensino infantil. Há evidências que a criança automaticamente elaborará fantasias primitivas sobre algum objeto inanimado do seu ambiente se não leu ou ouviu clássicos contos de fadas.
Os adultos que em criança foram privados dos contos de fadas tradicionais tendem a ser mais inseguros. Muitos inclusive, parecem suscetíveis de mais aflições mentais e sociais se não tiveram contato com os contos de fadas na infância. Por outro lado, a criança a quem ensinaram a pôr em ordem o modo caótico de travar contato com as experiências do mundo pela imitação ou aprendizado do natural processo de mudança dos exemplos unidimensionais contidos nas fantasias dos contos de fadas, parece comparativamente menos insegura sobre sua vida interior, tanto na infância quanto na maturidade. Com certa surpresa, crianças assim tornam-se mais motivadas a se adaptarem à vida no mundo da verdadeira maturidade. Isto certamente é o reverso do anterior ponto de vista: de que os contos de fadas são nocivos ou, na melhor das hipóteses, inúteis.
Certa dose de contos de fadas ajuda a criança a enfrentar um mundo desconhecido, a realidade do mundo adulto que para ela é muito mais atemorizante do que o mundo de fantasia no qual ela se sente bem mais em casa. Constatou-se também que a criança mentalmente sadia tem muita consciência das diferenças que existem entre a verdade do cotidiano e a fantasia porque "intuitivamente ela compreende que embora os contos de fadas sejam irreais, não são inverídicos" para sua compreensão.
Em muitos contos de fadas o herói ou a heróina é a criança enjeitada, a menor, a mais nova, algumas vezes portando alguma deficiência física - um personagem absolutamente insignificante que, apesar de tudo isso, enfrenta os muitos testes e tribulações até que finalmente alcança seu objetivo tão almejado. Esses contos possibilitam que nós, como crianças mentalmente orfãs, nos identifiquemos com um personagem que também é um patinho feio, ou com uma bela criança deixada aos cuidados de uma madrasta cruel. Mas os contos de fadas também mostram à criança que no fim tudo dá certo se o herói, com quem ela se identifica, perseverar e mantiver uma atitude de confiança amorosa. Embora muitas vezes fraco, mas tendo bom coração, o herói ou heroína recebe informação e o auxílio necessários de animais como pássaros, cobras e insetos, bem como a de fantásticas criaturas do reino vegetal e mineral. Desafios e recompensas estão sempre sendo proporcionados pela gente míuda - magos, feiticeiras, duedes e fadas. Com a ajuda recebida, o herói ou a heroína alcança seu objetivo e retonra para viver feliz para sempre.
Fantasiaé um termo mais respeitoso para "sonhar acordado", embora todos saibamos o quanto improdutivos podem se esses sonhos e devaneios. Aprendemos também, desde crianças, que só se entregam a este passatempo aparentemente inútil pessoas de mentalidade infantil ou os menos afortunados de intelecto inferior.
É verdade que, em sua maior parte, os seres humanos tendem a ser mentalmente preguiçosos. É bem mais fácil deixarmos para o dia seguinte o que podemos fazer hoje. Por isso é preciso que alguém nos lembre de dirigirmos nossos pensamentos postivamente, para que concretizemos criativamente, pois, com efeito, tornamo-nos aquilo que pensamos.
Contudo, na luta que travamos contra as nossas características naturais de indolência e protelação, devemos cuidar para que não nos descartemos de nossa "criança fantasiosa" com um nada prático banho de água fria. Devemos apreciar criteriosamente nossa capacidade natural de devaneio e fantasia, permitindo-lhe enriquecer nossa vida de labuta diária que, caso contrário, torna-se insípida. Vista sob este ângulo, a fantasia pode transformar-se em imaginação, atributo mental que sempre merece nosso respeito. Não obstante, devemos admitir que mesmo usando construtivamente, a fantasia é de fato uma estranha esposa casada com o intelecto objetivo, mas este casamento alquímico pode ocorrer por uma porta de fantasia que dá acesso á terra do visível bem e mal dos contos de fadas.
Na maior parte da primeira metade do século XX, época em que a psicanálise tornou-se popular, o interesse por contos de fadas era considerado um estágio mental que o homem intelectualmente culto havia deixado para trás juntamente com a Era Vitoriana. Muitos pais de então concluíram que os contos de fadas exerciam influência desnecessária e indesejável sobre seus filhos. Esses pais, preocupados, não desejavam atemorizar seus pequeninos com contos que encerravam horrores medonhos, nem desejavam alimentar as já naturais capacidades de seus filhos para crias fantasias e "inventar histórias" que não pudessem ser provadas pela realidade diária. Implícita nessas admoestações havia a sutil insinuação de que "contar histórias", como as "mentirinhas inocentes", não era próprio de crianças "boazinhas". E alguns adultos, indevidamente influenciados pelas primitiavs descobertas da Psicologia, pensaram que essas histórias de regiões imaginárias apenas acentuavam a já selvagem e bárbara natureza dos seus filhos.
Devido a que as histórias de fadas falem a própria linguagem simbólica da criana, despertam em sua mente infantil a confiança que lhe permite alcançar objetivos de um ainda desconhecido mundo do gigante adulto. Como adultos talvez pensemos que a fantasia é coisa infantil e ingênua. Mas será também inútil e não prática? a criança indefesa precisa da esperança reconfortante de que ela pode, e que vai de fato, conquistar o desconhecido mundo da realidade do adulto. Ela precisa que lhe ensinem a alcançar isto numa linguagem como que pode se indentificar e compreender. Caso contrário, ela pode desejar permancer num estágio primitivo, resistindo às forças que procuram fazê-la adaptar-se às responsabilidades que a civilização moderna espera de seus cidadãos adultos.
Ornitólogos têm evidências de que pássaros criados em total isolamento, sem nenhum contato com pássaros adultos, passam a assobiar um tipo de melodia muito primitiva da sua espécie. Do mesmo modo, crianças que tenham sido criadas sem o conhecimento reconfortante das histórias de fadas viverão um conto de fadas primitivo pessoal. Por conseguinte, como o pássaro isolado, esta criança dificilmente será capaz de alcançar na idade adulta o refinamento que alcança a pessoa que na infância teve contato com os exemplos contidos nos contos de fadas. Essas maravilhosas histórias infantis nos ensinam a linguagem simbólica de nossa herança interior. Precisamos, a cada nova vida, renovar nosso contato com essas histórias para que reafirmemos e cumpramos criativamente nossa herança evolutiva como adultos.
Do mesmo modo que os contos de fadas ajudam a criança a se ajustar a um mundo terrível e desconhecido da realidade do adulto, a religio-mitologia pode auxiliar o adulto amadurecido a se ajustar igualmente a uma desconhecida existência de além transição.
O Livro Egípcio dos Mortos aponta um dedo de esperança para a vida após a morte. As imagens simbólicas contidas nesses Mistérios de Osíris esboçam o desmembramento do deus morto e da coleta das diferentes partes do seu corpo pela deus Isis que, como irmã, esposa e mãe, ocasiona a eterna renovação da vida através de Hórus, filho seu e de Osíris.
Com o último período de nossa vida terrena advém o tempo em que devemos começar a escrever o nosso Mahabharata individual. Em outras palavras, podemos começar pela emulação do venerado deus hindu Ganesha. Ao tomarmos indiviso interesse no registro dos acontecimentos interiores e exteriores da nossa vida individual, dissecando então suas diferentes partes, podemos reuni-los todos em nossa maturidade, vivenciando assim o significado pleno que reside além da diversidade de nosso curto período de vida. Mas, como a criança que distingue a fantasia da realidade que irá viver no estágio seguinte de sua vida, o adulto pode fazer uso prático de uma verdadeira "Chave mitológica" que o ajudará a abrir as portas de um mundo transcendental, liberando a silente melodia que é a Alma.
Entretanto, dos anos setenta para cá, eminentes autoridades estão apresentando alguns fatos contrastantes sobre a relação que existe entre os contos de fadas e a adaptação da criança em seu ambiente familiar e mundano. Assim é que o conto de fadas está assumindo um papel importante e adequado no ensino infantil. Há evidências que a criança automaticamente elaborará fantasias primitivas sobre algum objeto inanimado do seu ambiente se não leu ou ouviu clássicos contos de fadas.
Os adultos que em criança foram privados dos contos de fadas tradicionais tendem a ser mais inseguros. Muitos inclusive, parecem suscetíveis de mais aflições mentais e sociais se não tiveram contato com os contos de fadas na infância. Por outro lado, a criança a quem ensinaram a pôr em ordem o modo caótico de travar contato com as experiências do mundo pela imitação ou aprendizado do natural processo de mudança dos exemplos unidimensionais contidos nas fantasias dos contos de fadas, parece comparativamente menos insegura sobre sua vida interior, tanto na infância quanto na maturidade. Com certa surpresa, crianças assim tornam-se mais motivadas a se adaptarem à vida no mundo da verdadeira maturidade. Isto certamente é o reverso do anterior ponto de vista: de que os contos de fadas são nocivos ou, na melhor das hipóteses, inúteis.
Certa dose de contos de fadas ajuda a criança a enfrentar um mundo desconhecido, a realidade do mundo adulto que para ela é muito mais atemorizante do que o mundo de fantasia no qual ela se sente bem mais em casa. Constatou-se também que a criança mentalmente sadia tem muita consciência das diferenças que existem entre a verdade do cotidiano e a fantasia porque "intuitivamente ela compreende que embora os contos de fadas sejam irreais, não são inverídicos" para sua compreensão.
Em muitos contos de fadas o herói ou a heróina é a criança enjeitada, a menor, a mais nova, algumas vezes portando alguma deficiência física - um personagem absolutamente insignificante que, apesar de tudo isso, enfrenta os muitos testes e tribulações até que finalmente alcança seu objetivo tão almejado. Esses contos possibilitam que nós, como crianças mentalmente orfãs, nos identifiquemos com um personagem que também é um patinho feio, ou com uma bela criança deixada aos cuidados de uma madrasta cruel. Mas os contos de fadas também mostram à criança que no fim tudo dá certo se o herói, com quem ela se identifica, perseverar e mantiver uma atitude de confiança amorosa. Embora muitas vezes fraco, mas tendo bom coração, o herói ou heroína recebe informação e o auxílio necessários de animais como pássaros, cobras e insetos, bem como a de fantásticas criaturas do reino vegetal e mineral. Desafios e recompensas estão sempre sendo proporcionados pela gente míuda - magos, feiticeiras, duedes e fadas. Com a ajuda recebida, o herói ou a heroína alcança seu objetivo e retonra para viver feliz para sempre.
Re: Educação Nova Era
O GRANDE SECRETO
Eliphas Levi
Traduzido pelo Amado Irmão Albertus SI - Grupo Hermanubis
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Eliphas Levi
Traduzido pelo Amado Irmão Albertus SI - Grupo Hermanubis
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Sabedoria, moralidade, virtude: palavras respeitáveis, porém vagas, sobre as quais se disputa desde há muitos séculos, porém sem haver conseguido entende-las.
Queria ser sábio, mas terei eu a certeza de minha sabedoria, enquanto acredite que os loucos são mais felizes e até mais alegres que eu?
É preciso ter bons costumes, porém todos somos um pouco de crianças: a moralidade nos adormece. Falamos do que nos interessa e pensamos em outra coisa.
Excelente coisa é a virtude: seu nome quer dizer força, poder. O mundo subsiste pela virtude de Deus. Mas, em que consiste para nós a virtude? Será uma virtude para enfraquecer a cabeça ou suavizar o rosto? Chamaremos virtude a simplicidade do homem de bem, que se deixa despojar pelos velhacos? Será virtude abster-se no temor de abusar? Que pensaríamos de um homem que não andasse por medo de quebrar a perna? A virtude, em todas as coisas, é o oposto da nulidade, do estupor e da impotência.
A virtude supõe a ação; pois se ordinariamente opormos a virtude, as paixões, é para demonstrar que ela nunca é passiva.
A virtude não é só a força, é também a razão diretora da força. É o poder equilibrante da vida.
O grande segredo da virtude, da virtualidade e da vida, seja temporal, seja eterna, pode formular-se assim:
É a arte de balancear as forças para equilibrar o movimento.
O equilíbrio que se necessita alcançar, não é o que produz a imobilidade, mas sim o que realiza o movimento. Pois a imobilidade é morte e o movimento é vida. Este equilíbrio motor é o da própria Natureza. A Natureza, equilibrando as forças fatais, produz o mal físico e a destruição aparente do homem mal equilibrado. O homem se libera dos males da Natureza, sabendo subtrair a fatalidade das circunstâncias, pelo emprego inteligente de sua liberdade. Empregamos aqui a palavra fatalidade, porque as forças imprevistas e incompreensíveis para o homem, necessariamente o parecem fatais, o que não indica que realmente o sejam.
A Natureza previu a conservação dos animais dotados de instintos, porém também dispõe tudo para que o homem imprudente pereça.
Os animais vivem, por assim dizer, por si mesmos e sem esforço. Só o homem deve aprender a viver. A ciência da vida é a ciência do equilíbrio moral.
Conciliar o saber e a religião, a razão e o sentimento, a energia e a doçura é o âmago desse equilíbrio.
A verdadeira força invencível é a força sem violência. Os homens violentos são homens fracos e imprudentes, cujos esforços se voltam sempre contra eles.
O afeto violento se assemelha ao ódio e quase à aversão.
A cólera faz que a pessoa se entregue cegamente a seus inimigos. Os heróis que descreve o poeta grego Homero, quando combatem, tem o cuidado de insultarem-se para entrar em furor reciprocamente, sabendo-se de antemão, com todas as probabilidades, que o mais furioso dos dois será vencido.
O fogoso Aquiles estava predestinado a perecer desgraçadamente. Era o mais altivo e valoroso dos gregos e só causava desastres a seus concidadãos. Ele é que faz a tomada de Tróia e o prudente e paciente Ulisses, que sabe sempre conter-se e só fere com golpe seguro. Aquiles é a paixão e Ulisses a virtude, e é deste ponto de vista que devemos tratar de compreender o alto alcance filosófico e moral dos poemas de Homero.
Não há dúvida que o autor destes poemas era um iniciado de primeira ordem, pois o Grande Arcano da Alta Magia prática está inteiro na Odisséia.
O Grande Arcano Mágico, o Arcano único e incomunicável tem por objeto colocar, por assim dizer, o poder divino a serviço da vontade do homem.
Para chegar a realização deste Arcano é preciso SABER o que deve fazer, QUERER o exato, OUSAR no que deve e CALAR com discernimento.
O Ulisses de Homero tem, contra si, os deuses, os elementos, os ciclopes, as sereias, Circe, etc., por assim dizer, todas as dificuldades e todos os perigos da vida. Seu palácio é invadido, sua mulher é assediada, seus bens são saqueados, sua morte é decidida, perde seus companheiros, seus navios são afundados; enfim, acha-se só em sua luta contra a noite e o mal. E assim, só, aplaca os deuses, escapa do mal, cega o ciclope, engana as sereias, domina Circe, recupera seu palácio, libera sua mulher, mata aqueles que queriam mata-lo, e tudo, porque queria voltar a ver Ítaca e a Penélope, porque sabia escapar sempre do perigo, porque se atrevia com decisão e porque calava sempre que fora conveniente não falar.
Porém, dirão contrariados os amantes dos contos azuis, isto não é magia. Não existem talismãs, ervas e raízes que façam operar prodígios? Não há fórmulas misteriosas que abram as portas fechadas e façam aparecer os espíritos? Falaremos disto em outra ocasião com comentários sobre a Odisséia.
Se haveis lido minhas obras anteriores, sabeis então que reconheço a eficácia relativa das fórmulas, das ervas, e dos talismãs. Porém estes são pequenos meios que se enlaçam aos pequenos mistérios. Falo agora das grandes forças morais e não dos instrumentos materiais. As fórmulas pertencem aos ritos da iniciação; os talismãs são auxiliares magnéticos; as ervas correspondem à medicina oculta, e o próprio Homero não as desprezava. O Moly, o Lotho e o Nepenthes têm seu lugar nestes poemas, porém são ornamentos acessórios. A taça de Circe nada pode sobre Ulisses, que conhece seus efeitos funestos e soube engana-la sobre a bebida. O iniciado em alta ciência dos magos, nada tem que temer os feiticeiros.
As pessoas que recorrem a magia cerimonial e vão consultar adivinhos, se assemelham aos que, multiplicando a prática de devoção, querem ou esperam suprir com isso a verdadeira religião. Estas pessoas nunca estarão satisfeitas de vossos sábios conselhos. Todas escondem um segredo que é bem fácil de adivinhar, e que poderia expressar-se assim: "Tenho uma paixão que a razão condena e que anteponho a razão; é por isso que venho consultar o oráculo do delírio, afim de que me faça esperar, que me ajude a enganar minha consciência e me dê a paz do coração".
Vão assim beber em uma fonte enganosa, que depois de satisfazer a sede, a aumenta cada vez mais. O charlatão receita oráculos obscuros e a gente encontra neles o que quer encontrar e volta a buscar mais esclarecimentos. Retorna no dia seguinte, volta sempre, e é desse modo que os charlatões fazem fortuna. Os Gnósticos basilidianos diziam que Sofia, a sabedoria natural do homem, havendo-se enamorado de si mesma, como Narciso da mitologia clássica, desviou a direção de seu princípio e se lançou fora do círculo traçado pela luz divina chamada pleroma. Abandonada então às trevas, fez sacrilégios para dar a luz. Porém uma hemorragia semelhante a que fala o Evangelho, a fez perder seu sangue, que ia se transformando em monstros horríveis. A mais perigosa de todas as loucuras é a da sabedoria corrompida.
Os corações corrompidos envenenam toda a natureza. Para eles o esplendor dos belos dias é apenas um ofuscante tédio e todos os gozos da vida, mortos para estas almas mortas, se levantam diante delas para maldize-las, como os espectros de Ricardo III: "desespera e morre". Os grandes entusiasmos os fazem sorrir e lançar ao amor e a beleza, como para vingar-se, o desprezo insolente de Stenio e de Rollon. Não devemos cruzar os braços acusando a fatalidade; devemos lutar contra ela e vence-la. Aqueles que sucumbem nesse combate são os que não souberam ou não quiseram triunfar. Não saber é uma desculpa, porém não uma justificativa, posto que se pode aprender. "Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem", disse o Cristo ao expirar. Se fosse permitido não saber a oração do Salvador, haveria sido inexata e o Pai nada haveria tido que perdoa-los.
Quando a gente não sabe, deve querer aprender. Enquanto não se sabe é temeroso ousar, porém sempre é bom saber calar.
Queria ser sábio, mas terei eu a certeza de minha sabedoria, enquanto acredite que os loucos são mais felizes e até mais alegres que eu?
É preciso ter bons costumes, porém todos somos um pouco de crianças: a moralidade nos adormece. Falamos do que nos interessa e pensamos em outra coisa.
Excelente coisa é a virtude: seu nome quer dizer força, poder. O mundo subsiste pela virtude de Deus. Mas, em que consiste para nós a virtude? Será uma virtude para enfraquecer a cabeça ou suavizar o rosto? Chamaremos virtude a simplicidade do homem de bem, que se deixa despojar pelos velhacos? Será virtude abster-se no temor de abusar? Que pensaríamos de um homem que não andasse por medo de quebrar a perna? A virtude, em todas as coisas, é o oposto da nulidade, do estupor e da impotência.
A virtude supõe a ação; pois se ordinariamente opormos a virtude, as paixões, é para demonstrar que ela nunca é passiva.
A virtude não é só a força, é também a razão diretora da força. É o poder equilibrante da vida.
O grande segredo da virtude, da virtualidade e da vida, seja temporal, seja eterna, pode formular-se assim:
É a arte de balancear as forças para equilibrar o movimento.
O equilíbrio que se necessita alcançar, não é o que produz a imobilidade, mas sim o que realiza o movimento. Pois a imobilidade é morte e o movimento é vida. Este equilíbrio motor é o da própria Natureza. A Natureza, equilibrando as forças fatais, produz o mal físico e a destruição aparente do homem mal equilibrado. O homem se libera dos males da Natureza, sabendo subtrair a fatalidade das circunstâncias, pelo emprego inteligente de sua liberdade. Empregamos aqui a palavra fatalidade, porque as forças imprevistas e incompreensíveis para o homem, necessariamente o parecem fatais, o que não indica que realmente o sejam.
A Natureza previu a conservação dos animais dotados de instintos, porém também dispõe tudo para que o homem imprudente pereça.
Os animais vivem, por assim dizer, por si mesmos e sem esforço. Só o homem deve aprender a viver. A ciência da vida é a ciência do equilíbrio moral.
Conciliar o saber e a religião, a razão e o sentimento, a energia e a doçura é o âmago desse equilíbrio.
A verdadeira força invencível é a força sem violência. Os homens violentos são homens fracos e imprudentes, cujos esforços se voltam sempre contra eles.
O afeto violento se assemelha ao ódio e quase à aversão.
A cólera faz que a pessoa se entregue cegamente a seus inimigos. Os heróis que descreve o poeta grego Homero, quando combatem, tem o cuidado de insultarem-se para entrar em furor reciprocamente, sabendo-se de antemão, com todas as probabilidades, que o mais furioso dos dois será vencido.
O fogoso Aquiles estava predestinado a perecer desgraçadamente. Era o mais altivo e valoroso dos gregos e só causava desastres a seus concidadãos. Ele é que faz a tomada de Tróia e o prudente e paciente Ulisses, que sabe sempre conter-se e só fere com golpe seguro. Aquiles é a paixão e Ulisses a virtude, e é deste ponto de vista que devemos tratar de compreender o alto alcance filosófico e moral dos poemas de Homero.
Não há dúvida que o autor destes poemas era um iniciado de primeira ordem, pois o Grande Arcano da Alta Magia prática está inteiro na Odisséia.
O Grande Arcano Mágico, o Arcano único e incomunicável tem por objeto colocar, por assim dizer, o poder divino a serviço da vontade do homem.
Para chegar a realização deste Arcano é preciso SABER o que deve fazer, QUERER o exato, OUSAR no que deve e CALAR com discernimento.
O Ulisses de Homero tem, contra si, os deuses, os elementos, os ciclopes, as sereias, Circe, etc., por assim dizer, todas as dificuldades e todos os perigos da vida. Seu palácio é invadido, sua mulher é assediada, seus bens são saqueados, sua morte é decidida, perde seus companheiros, seus navios são afundados; enfim, acha-se só em sua luta contra a noite e o mal. E assim, só, aplaca os deuses, escapa do mal, cega o ciclope, engana as sereias, domina Circe, recupera seu palácio, libera sua mulher, mata aqueles que queriam mata-lo, e tudo, porque queria voltar a ver Ítaca e a Penélope, porque sabia escapar sempre do perigo, porque se atrevia com decisão e porque calava sempre que fora conveniente não falar.
Porém, dirão contrariados os amantes dos contos azuis, isto não é magia. Não existem talismãs, ervas e raízes que façam operar prodígios? Não há fórmulas misteriosas que abram as portas fechadas e façam aparecer os espíritos? Falaremos disto em outra ocasião com comentários sobre a Odisséia.
Se haveis lido minhas obras anteriores, sabeis então que reconheço a eficácia relativa das fórmulas, das ervas, e dos talismãs. Porém estes são pequenos meios que se enlaçam aos pequenos mistérios. Falo agora das grandes forças morais e não dos instrumentos materiais. As fórmulas pertencem aos ritos da iniciação; os talismãs são auxiliares magnéticos; as ervas correspondem à medicina oculta, e o próprio Homero não as desprezava. O Moly, o Lotho e o Nepenthes têm seu lugar nestes poemas, porém são ornamentos acessórios. A taça de Circe nada pode sobre Ulisses, que conhece seus efeitos funestos e soube engana-la sobre a bebida. O iniciado em alta ciência dos magos, nada tem que temer os feiticeiros.
As pessoas que recorrem a magia cerimonial e vão consultar adivinhos, se assemelham aos que, multiplicando a prática de devoção, querem ou esperam suprir com isso a verdadeira religião. Estas pessoas nunca estarão satisfeitas de vossos sábios conselhos. Todas escondem um segredo que é bem fácil de adivinhar, e que poderia expressar-se assim: "Tenho uma paixão que a razão condena e que anteponho a razão; é por isso que venho consultar o oráculo do delírio, afim de que me faça esperar, que me ajude a enganar minha consciência e me dê a paz do coração".
Vão assim beber em uma fonte enganosa, que depois de satisfazer a sede, a aumenta cada vez mais. O charlatão receita oráculos obscuros e a gente encontra neles o que quer encontrar e volta a buscar mais esclarecimentos. Retorna no dia seguinte, volta sempre, e é desse modo que os charlatões fazem fortuna. Os Gnósticos basilidianos diziam que Sofia, a sabedoria natural do homem, havendo-se enamorado de si mesma, como Narciso da mitologia clássica, desviou a direção de seu princípio e se lançou fora do círculo traçado pela luz divina chamada pleroma. Abandonada então às trevas, fez sacrilégios para dar a luz. Porém uma hemorragia semelhante a que fala o Evangelho, a fez perder seu sangue, que ia se transformando em monstros horríveis. A mais perigosa de todas as loucuras é a da sabedoria corrompida.
Os corações corrompidos envenenam toda a natureza. Para eles o esplendor dos belos dias é apenas um ofuscante tédio e todos os gozos da vida, mortos para estas almas mortas, se levantam diante delas para maldize-las, como os espectros de Ricardo III: "desespera e morre". Os grandes entusiasmos os fazem sorrir e lançar ao amor e a beleza, como para vingar-se, o desprezo insolente de Stenio e de Rollon. Não devemos cruzar os braços acusando a fatalidade; devemos lutar contra ela e vence-la. Aqueles que sucumbem nesse combate são os que não souberam ou não quiseram triunfar. Não saber é uma desculpa, porém não uma justificativa, posto que se pode aprender. "Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem", disse o Cristo ao expirar. Se fosse permitido não saber a oração do Salvador, haveria sido inexata e o Pai nada haveria tido que perdoa-los.
Quando a gente não sabe, deve querer aprender. Enquanto não se sabe é temeroso ousar, porém sempre é bom saber calar.
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