Astronomia
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Astronomia
Quarta, 9 de julho de 2008, 09h12 Atualizada às 09h57
Pedras trazidas da Lua há quase 40 anos ainda mostram segredos
Guy Gugliotta
No laboratório, as pedras lunares parecem corriqueiras - basalto cinza escuro, um mineral esbranquiçado conhecido como anortosito e misturas desses dois materiais com o acréscimo de cristais. Mas, passados quase 40 anos do pouso dos astronautas do Programa Apollo na Lua, as porções da Lua que eles trouxeram à Terra continuam a revelar aos cientistas segredos sobre o satélite.
"Nós chamamos esta pedra de 'rocha gênese', porque ela se formou mais ou menos na época em que a Lua se solidificou, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás", diz Carlton Allen, apontando para uma pedra clara, do tamanho e forma de um apagador, que repousa em uma caixa de vidro cheia de nitrogênio inerte.
"Sabemos que o Big Bang aconteceu 14,5 bilhões de anos atrás", disse Allen, "e esta rocha tem um terço dessa idade. Não se pode encontrar matéria sólida mais velha, em nosso sistema solar".
Allen é curador de astromateriais no Centro Espacial Johnson, que abriga o Laboratório de Amostras Lunares, uma instalação segura inaugurada em 1979 para abrigar 382 quilos de pedras e amostras de solo lunares recolhidas pelos astronautas norte-americanos em seis visitas.
As pedras obtidas na superfície lunar, que ficaram inalteradas, preservadas em um vácuo desde sua formação, oferecem oportunidades de investigação da origem e evolução do sistema solar que não estão disponíveis em qualquer outro lugar, e o estudo se aprofunda com cada nova geração de cientistas e instrumentos científicos.
A cada ano, um conselho de avaliação científica considera novas propostas de pesquisa, e os curadores enviam cerca de 400 amostras lunares a entre 40 e 50 cientistas de todo o mundo. Quase todas elas têm menos de um grama de peso. "Não as distribuímos; apenas emprestamos", afirma Allen. "Não prevemos que nosso estoque se esgote".
Ao longo dos anos, as amostras permitiram muitas observações originais sobre o nosso vizinho astronômico mais próximo. Com base nas amostras, aprendemos quando a Lua foi formada, provavelmente como resultado (embora continue a haver controvérsias a respeito) do choque entre um planetóide e a Terra em sua juventude, o que arremessou ao espaço uma nuvem de destroços que se congregaram para formar a Lua.
As amostras confirmaram que impactos de asteróides e meteoros, e não atividade vulcânica, criaram a vasta maioria das crateras que definem a topografia lunar, enquanto uma barragem constante de meteoritos, micrometeoritos e radiação levou ao derretimento do leito rochoso, criando um cobertor de poeira e terra solta - conhecido como rególito - que recobre a superfície lunar.
E conhecer a idade das rochas lunares, que pode ser calculada com precisão da ordem de 20 milhões de anos, permitiu que os cientistas estabeleçam uma norma de comparação que permite que datem as características geológicas do Sistema Solar. A superfície da Terra, uma das mais jovens topografias do sistema, está mudando constantemente, em resultado de falhas, dobras, movimentos e acomodações causados por erupções, terremotos e explosões. Em contraste, a Lua apresenta uma das topografias mais antigas. "É difícil conceber intelectualmente um lugar onde nada acontece", diz Allen. "Mas é isso que a Lua é".
Nos últimos anos, as rochas ajudaram os pesquisadores a responder a questões práticas surgidas depois que o presidente Bush lançou, em 2004, propostas que levariam a um retorno à Lua, em 2020, com o estabelecimento de uma base permanente. Os planejadores estão usando as rochas para estudar o efeito pernicioso do rególito sobre as máquinas e a saúde dos astronautas. Eles estão aprendendo como extrair oxigênio e outros elementos vitais das rochas e terra lunares. E precisam compreender de que maneira proteger os espaços de habitação contra a mortífera radiação que atinge a superfície da Lua sem descanso.
As amostras - um total de 2,2 mil - são mantidas em caixas cheias de nitrogênio, em um cofre de aço inoxidável localizado no segundo piso do laboratório de 1,2 mil metros quadrados, e são transferidas a outras porções do edifício por um sistema de tubos de ar comprimido. Os técnicos preparam o material para remessa usando caixas dotadas de aberturas equipadas com luvas, usando ferramentas e recipientes esterilizados.
As amostras são numeradas e separadas com base nas missões que as recolheram. Todas as missões Apollo que pousaram na Lua, a começar da Apollo 11, em 1969, e até a Apollo 17, em dezembro de 1972, pousaram em locais equatoriais, mas o terreno era diferente em cada caso, e as amostras refletem as diferenças. A rocha-gênese foi recolhida pelos astronautas da Apollo 15 perto de Hadley Rille, no limite entre um dos "mares" - depressões no terreno - lunares e o altiplano.
A chegada das primeiras pedras da Lua, em 1969, era muito aguardada pelos cientistas. "Não tínhamos idéia do que a Lua era feita", relembra Allen, e as duas primeiras décadas de pesquisa se concentraram nas questões básicas - a idade e composição das pedras lunares e a origem e evolução da geologia e dos traços topográficos salientes da Lua.
A Lua se desenvolveu inicialmente como uma bola de magma quase líquida, coberta por uma fina camada de minerais mais leves. A crosta se tornou o anortosito branco, que flutuava por sobre o magma e veio a formar os altiplanos. O basalto irrompeu posteriormente e se solidificou mais tarde nos mares, mais baixos.
O anortosito e outras rochas semelhantes nos altiplanos e a lava de basalto nos mares são os componentes básicos da Lua. Outras rochas são conhecidas como "breccias" - rochas esmagadas e quebradas, fundidas pelo calor das colisões de impacto e ejetadas das crateras resultantes.
Os pesquisadores afirmam que os altiplanos apresentam mais crateras que os mares. Isso significa que tenham sofrido mais impactos, de modo que as rochas dos altiplanos são relativamente mais velhas. Mas quando obtiveram amostras das rochas puderam determinar sua idade absoluta em anos.
Isso permitiu que eles criassem uma referência aplicável a qualquer outra parte do Sistema Solar. A Lua demonstrou que um local com rochas de uma determinada idade teria número previsível de crateras de dimensões diferentes. E já que o ritmo de impacto é provavelmente semelhante em todo o sistema, as datas lunares poderiam ser usadas como referência para estimar a idade de superfícies em outros astros.
"Isso foi muito importante - determinar que os impactos são um fenômeno significativo e fundamental com efeito não só sobre a Lua e os planetas mas sobre a vida em si", diz Paul Spudis, geólogo planetário do Instituto Lunar e Planetário de Houston. "Nós sabíamos que impactos aconteciam, mas até que as rochas fossem obtidas os considerávamos como acidentes geológicos".
Isso mudou. No começo dos anos 80, os cientistas conseguiram demonstrar que depósitos de minerais e cristais terrestres com 65 milhões de anos de idade eram bastante semelhantes aos encontrados rotineiramente na amostras lunares. Isso resultou na teoria, hoje amplamente aceita, de que o impacto de um asteróide contra a Terra resultou na extinção dos dinossauros.
Os cientistas lunares agora acreditam que essa percepção possa ter implicações ainda mais amplas. Análises de amostras e crateras de impacto lunares demonstraram que a superfície da Lua era sólida 4,3 bilhões de anos atrás, mas as rochas de impacto mais antigas encontradas entre as amostras tinham 3,9 bilhões de anos.
Alguns pesquisadores sugeriram que os impactos sobre a Lua começaram a escassear 4,3 bilhões de anos atrás, e depois foram retomados de forma violenta em um "cataclismo" ocorrido 400 milhões de anos à frente. E, caso esse cataclismo tenha afetado a Lua, ele com certeza afetou a Terra ¿e no período em que a vida estava apenas começando.
"Isso é muito controverso", diz Charles Shearer, cientista lunar na Universidade do Novo México e presidente do comitê de revisão científica do laboratório. "É importante que obtenhamos amostras de outros terrenos".
E isso explica em parte os atrativos do projeto lunar de Bush, que planeja uma base perto do pólo sul da Lua e a exploração de toda a superfície do satélite, incluindo a face oculta. São possibilidades "que realmente entusiasmam a classe científica", diz Allen.
Bem, nem todo mundo. "É muito difícil justificar a Lua como meta primária de um programa espacial tripulado - não há muito de novo a descobrir", disse Robert Zubrin, presidente da Sociedade Marte e crítico da exploração lunar renovada. "Se queremos um desafio, Marte é o melhor. Ou pretendemos inspirar a juventude atual repetindo os feitos de seus avós?"
Um desses avós é Lawrence Taylor, 70, geólogo lunar e especialista em rególito na Universidade do Tennessee. Ele desenvolveu maneiras de extrair oxigênio da poeira lunar e, com base no conhecimento de que o rególito contém minério de ferro, patenteou um método que permite transformá-lo em vidro, por microondas. O material seria usado como revestimento para locais de pouso de espaçonaves ou estradas.
"Muita gente me procura, agora", disse Taylor. "Antes, as pessoas me contactavam apenas por curiosidade, mas agora estou em posição de destaque na comunidade científica".
Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times
Pedras trazidas da Lua há quase 40 anos ainda mostram segredos
Guy Gugliotta
No laboratório, as pedras lunares parecem corriqueiras - basalto cinza escuro, um mineral esbranquiçado conhecido como anortosito e misturas desses dois materiais com o acréscimo de cristais. Mas, passados quase 40 anos do pouso dos astronautas do Programa Apollo na Lua, as porções da Lua que eles trouxeram à Terra continuam a revelar aos cientistas segredos sobre o satélite.
"Nós chamamos esta pedra de 'rocha gênese', porque ela se formou mais ou menos na época em que a Lua se solidificou, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás", diz Carlton Allen, apontando para uma pedra clara, do tamanho e forma de um apagador, que repousa em uma caixa de vidro cheia de nitrogênio inerte.
"Sabemos que o Big Bang aconteceu 14,5 bilhões de anos atrás", disse Allen, "e esta rocha tem um terço dessa idade. Não se pode encontrar matéria sólida mais velha, em nosso sistema solar".
Allen é curador de astromateriais no Centro Espacial Johnson, que abriga o Laboratório de Amostras Lunares, uma instalação segura inaugurada em 1979 para abrigar 382 quilos de pedras e amostras de solo lunares recolhidas pelos astronautas norte-americanos em seis visitas.
As pedras obtidas na superfície lunar, que ficaram inalteradas, preservadas em um vácuo desde sua formação, oferecem oportunidades de investigação da origem e evolução do sistema solar que não estão disponíveis em qualquer outro lugar, e o estudo se aprofunda com cada nova geração de cientistas e instrumentos científicos.
A cada ano, um conselho de avaliação científica considera novas propostas de pesquisa, e os curadores enviam cerca de 400 amostras lunares a entre 40 e 50 cientistas de todo o mundo. Quase todas elas têm menos de um grama de peso. "Não as distribuímos; apenas emprestamos", afirma Allen. "Não prevemos que nosso estoque se esgote".
Ao longo dos anos, as amostras permitiram muitas observações originais sobre o nosso vizinho astronômico mais próximo. Com base nas amostras, aprendemos quando a Lua foi formada, provavelmente como resultado (embora continue a haver controvérsias a respeito) do choque entre um planetóide e a Terra em sua juventude, o que arremessou ao espaço uma nuvem de destroços que se congregaram para formar a Lua.
As amostras confirmaram que impactos de asteróides e meteoros, e não atividade vulcânica, criaram a vasta maioria das crateras que definem a topografia lunar, enquanto uma barragem constante de meteoritos, micrometeoritos e radiação levou ao derretimento do leito rochoso, criando um cobertor de poeira e terra solta - conhecido como rególito - que recobre a superfície lunar.
E conhecer a idade das rochas lunares, que pode ser calculada com precisão da ordem de 20 milhões de anos, permitiu que os cientistas estabeleçam uma norma de comparação que permite que datem as características geológicas do Sistema Solar. A superfície da Terra, uma das mais jovens topografias do sistema, está mudando constantemente, em resultado de falhas, dobras, movimentos e acomodações causados por erupções, terremotos e explosões. Em contraste, a Lua apresenta uma das topografias mais antigas. "É difícil conceber intelectualmente um lugar onde nada acontece", diz Allen. "Mas é isso que a Lua é".
Nos últimos anos, as rochas ajudaram os pesquisadores a responder a questões práticas surgidas depois que o presidente Bush lançou, em 2004, propostas que levariam a um retorno à Lua, em 2020, com o estabelecimento de uma base permanente. Os planejadores estão usando as rochas para estudar o efeito pernicioso do rególito sobre as máquinas e a saúde dos astronautas. Eles estão aprendendo como extrair oxigênio e outros elementos vitais das rochas e terra lunares. E precisam compreender de que maneira proteger os espaços de habitação contra a mortífera radiação que atinge a superfície da Lua sem descanso.
As amostras - um total de 2,2 mil - são mantidas em caixas cheias de nitrogênio, em um cofre de aço inoxidável localizado no segundo piso do laboratório de 1,2 mil metros quadrados, e são transferidas a outras porções do edifício por um sistema de tubos de ar comprimido. Os técnicos preparam o material para remessa usando caixas dotadas de aberturas equipadas com luvas, usando ferramentas e recipientes esterilizados.
As amostras são numeradas e separadas com base nas missões que as recolheram. Todas as missões Apollo que pousaram na Lua, a começar da Apollo 11, em 1969, e até a Apollo 17, em dezembro de 1972, pousaram em locais equatoriais, mas o terreno era diferente em cada caso, e as amostras refletem as diferenças. A rocha-gênese foi recolhida pelos astronautas da Apollo 15 perto de Hadley Rille, no limite entre um dos "mares" - depressões no terreno - lunares e o altiplano.
A chegada das primeiras pedras da Lua, em 1969, era muito aguardada pelos cientistas. "Não tínhamos idéia do que a Lua era feita", relembra Allen, e as duas primeiras décadas de pesquisa se concentraram nas questões básicas - a idade e composição das pedras lunares e a origem e evolução da geologia e dos traços topográficos salientes da Lua.
A Lua se desenvolveu inicialmente como uma bola de magma quase líquida, coberta por uma fina camada de minerais mais leves. A crosta se tornou o anortosito branco, que flutuava por sobre o magma e veio a formar os altiplanos. O basalto irrompeu posteriormente e se solidificou mais tarde nos mares, mais baixos.
O anortosito e outras rochas semelhantes nos altiplanos e a lava de basalto nos mares são os componentes básicos da Lua. Outras rochas são conhecidas como "breccias" - rochas esmagadas e quebradas, fundidas pelo calor das colisões de impacto e ejetadas das crateras resultantes.
Os pesquisadores afirmam que os altiplanos apresentam mais crateras que os mares. Isso significa que tenham sofrido mais impactos, de modo que as rochas dos altiplanos são relativamente mais velhas. Mas quando obtiveram amostras das rochas puderam determinar sua idade absoluta em anos.
Isso permitiu que eles criassem uma referência aplicável a qualquer outra parte do Sistema Solar. A Lua demonstrou que um local com rochas de uma determinada idade teria número previsível de crateras de dimensões diferentes. E já que o ritmo de impacto é provavelmente semelhante em todo o sistema, as datas lunares poderiam ser usadas como referência para estimar a idade de superfícies em outros astros.
"Isso foi muito importante - determinar que os impactos são um fenômeno significativo e fundamental com efeito não só sobre a Lua e os planetas mas sobre a vida em si", diz Paul Spudis, geólogo planetário do Instituto Lunar e Planetário de Houston. "Nós sabíamos que impactos aconteciam, mas até que as rochas fossem obtidas os considerávamos como acidentes geológicos".
Isso mudou. No começo dos anos 80, os cientistas conseguiram demonstrar que depósitos de minerais e cristais terrestres com 65 milhões de anos de idade eram bastante semelhantes aos encontrados rotineiramente na amostras lunares. Isso resultou na teoria, hoje amplamente aceita, de que o impacto de um asteróide contra a Terra resultou na extinção dos dinossauros.
Os cientistas lunares agora acreditam que essa percepção possa ter implicações ainda mais amplas. Análises de amostras e crateras de impacto lunares demonstraram que a superfície da Lua era sólida 4,3 bilhões de anos atrás, mas as rochas de impacto mais antigas encontradas entre as amostras tinham 3,9 bilhões de anos.
Alguns pesquisadores sugeriram que os impactos sobre a Lua começaram a escassear 4,3 bilhões de anos atrás, e depois foram retomados de forma violenta em um "cataclismo" ocorrido 400 milhões de anos à frente. E, caso esse cataclismo tenha afetado a Lua, ele com certeza afetou a Terra ¿e no período em que a vida estava apenas começando.
"Isso é muito controverso", diz Charles Shearer, cientista lunar na Universidade do Novo México e presidente do comitê de revisão científica do laboratório. "É importante que obtenhamos amostras de outros terrenos".
E isso explica em parte os atrativos do projeto lunar de Bush, que planeja uma base perto do pólo sul da Lua e a exploração de toda a superfície do satélite, incluindo a face oculta. São possibilidades "que realmente entusiasmam a classe científica", diz Allen.
Bem, nem todo mundo. "É muito difícil justificar a Lua como meta primária de um programa espacial tripulado - não há muito de novo a descobrir", disse Robert Zubrin, presidente da Sociedade Marte e crítico da exploração lunar renovada. "Se queremos um desafio, Marte é o melhor. Ou pretendemos inspirar a juventude atual repetindo os feitos de seus avós?"
Um desses avós é Lawrence Taylor, 70, geólogo lunar e especialista em rególito na Universidade do Tennessee. Ele desenvolveu maneiras de extrair oxigênio da poeira lunar e, com base no conhecimento de que o rególito contém minério de ferro, patenteou um método que permite transformá-lo em vidro, por microondas. O material seria usado como revestimento para locais de pouso de espaçonaves ou estradas.
"Muita gente me procura, agora", disse Taylor. "Antes, as pessoas me contactavam apenas por curiosidade, mas agora estou em posição de destaque na comunidade científica".
Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times
Re: Astronomia
Quinta, 17 de abril de 2008, 21h06 Atualizada às 21h50
Lua: cientistas crêem em agricultura sustentável
Plantar margaridas, tulipas ou rosas na Lua como parte do desenvolvimento de uma base habitada permanente é a proposta de Bernard Foing, cientista da Agência Espacial Européia (ESA), apresentada em Viena durante a Assembléia Geral da União Européia de Geociências (EGU).
Em declarações à Agência Efe, Foing se referiu hoje a um plano "para desenvolver vida na Lua", começando por instalar câmaras que protegeriam as sementes plantadas em solo lunar e possibilitariam observar como as condições no satélite natural da Terra modificam o crescimento do vegetal.
Foing indicou que uma aplicação prática seria o fornecimento de comida a uma base lunar e que, assim, seria possível aprender "como se pode ter uma agricultura sustentável fora da Terra".
Segundo o cientista, membro do Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espaciais, existe a possibilidade de que plantas crescessem na Lua utilizando certos tipos de bactérias que extrairiam do solo lunar os nutrientes para permitir a vida.
Essas bactérias, além de permitir a germinação e floração das plantas, servem para protegê-la de substâncias daninhas e evitar seu envenenamento.
"Uma planta é um mini-ecossistema, e poderíamos estudar como em condições muito extremas estratégias para sobreviver são desenvolvidas", explicou Foing.
A base desta idéia é a experiência feita por uma equipe científica ucraniana, que conseguiu que margaridas crescessem em um composto de anortosita, um tipo de rocha terrestre parecida com as encontradas na Lua.
O pesquisador da ESA considerou que em dez anos poderiam obter pequenos jardins lunares cuidados por robôs para que "os astronautas já tenham seu éden quando chegarem à Lua".
Quanto à necessidade de água, Foing explicou que estão sendo estudados sistemas de recuperação do líquido para reduzir a necessidade de transporte.
Outra das dificuldades para viabilizar a presença de plantas em superfície lunar é a forte radiação recebida pelo satélite, por não possuir atmosfera.
Sobre isso, Foing se referiu à existência de bactérias resistentes à radiação que poderiam ser empregadas nesta experiência.
O pesquisador revelou que até 2020 o satélite deve receber uma base lunar habitada, mas que, antes, já haverá plantas, e brincou com as diferentes possibilidades: "os holandeses querem tulipas e os ingleses, rosas", disse.
Entre outras espécies, uma candidata para as primeiras experiências é a planta da mostarda, muito resistente à radiação.
Embora este projeto ainda não esteja incluído na agenda da ESA, já existem previsões para criar um departamento focado no estudo da vida fora da Terra.
Nesse sentido, existe já um grupo de trabalho do Inta (Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial) que estuda a capacidade de resistência dos líquens no espaço.
A Assembléia da União Européia de Geociências reúne em Viena desde a última segunda até sexta-feira mais de 8 mil cientistas de disciplinas como geologia, climatologia e oceanografia.
EFE
Lua: cientistas crêem em agricultura sustentável
Plantar margaridas, tulipas ou rosas na Lua como parte do desenvolvimento de uma base habitada permanente é a proposta de Bernard Foing, cientista da Agência Espacial Européia (ESA), apresentada em Viena durante a Assembléia Geral da União Européia de Geociências (EGU).
Em declarações à Agência Efe, Foing se referiu hoje a um plano "para desenvolver vida na Lua", começando por instalar câmaras que protegeriam as sementes plantadas em solo lunar e possibilitariam observar como as condições no satélite natural da Terra modificam o crescimento do vegetal.
Foing indicou que uma aplicação prática seria o fornecimento de comida a uma base lunar e que, assim, seria possível aprender "como se pode ter uma agricultura sustentável fora da Terra".
Segundo o cientista, membro do Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espaciais, existe a possibilidade de que plantas crescessem na Lua utilizando certos tipos de bactérias que extrairiam do solo lunar os nutrientes para permitir a vida.
Essas bactérias, além de permitir a germinação e floração das plantas, servem para protegê-la de substâncias daninhas e evitar seu envenenamento.
"Uma planta é um mini-ecossistema, e poderíamos estudar como em condições muito extremas estratégias para sobreviver são desenvolvidas", explicou Foing.
A base desta idéia é a experiência feita por uma equipe científica ucraniana, que conseguiu que margaridas crescessem em um composto de anortosita, um tipo de rocha terrestre parecida com as encontradas na Lua.
O pesquisador da ESA considerou que em dez anos poderiam obter pequenos jardins lunares cuidados por robôs para que "os astronautas já tenham seu éden quando chegarem à Lua".
Quanto à necessidade de água, Foing explicou que estão sendo estudados sistemas de recuperação do líquido para reduzir a necessidade de transporte.
Outra das dificuldades para viabilizar a presença de plantas em superfície lunar é a forte radiação recebida pelo satélite, por não possuir atmosfera.
Sobre isso, Foing se referiu à existência de bactérias resistentes à radiação que poderiam ser empregadas nesta experiência.
O pesquisador revelou que até 2020 o satélite deve receber uma base lunar habitada, mas que, antes, já haverá plantas, e brincou com as diferentes possibilidades: "os holandeses querem tulipas e os ingleses, rosas", disse.
Entre outras espécies, uma candidata para as primeiras experiências é a planta da mostarda, muito resistente à radiação.
Embora este projeto ainda não esteja incluído na agenda da ESA, já existem previsões para criar um departamento focado no estudo da vida fora da Terra.
Nesse sentido, existe já um grupo de trabalho do Inta (Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial) que estuda a capacidade de resistência dos líquens no espaço.
A Assembléia da União Européia de Geociências reúne em Viena desde a última segunda até sexta-feira mais de 8 mil cientistas de disciplinas como geologia, climatologia e oceanografia.
EFE
Re: Astronomia
Terça, 8 de julho de 2008, 11h18 Atualizada às 15h33
Astrônomos dão nova visão sobre estátuas da Ilha de Páscoa
Enigmáticas esculturas da Ilha de Páscoa, os moais podem ter sido erguidos com o intuito de apontar para determinadas estrelas, que seriam mais importantes que o sol para a civilização Rapa-nui, segundo o astrônomo espanhol Juan Antonio Belmonte.
O pesquisador do Instituto de Astrofísica das Canárias fez, junto com o antropólogo da Universidade do Chile Edmundo Edwards, "uma reinterpretação arqueoastronômica" dos ahus - plataformas cerimoniais sobre as quais eram erguidos os moais -. Para isso, estudaram cerca de 30 desses lugares.
Ambos têm reinterpretado teorias anteriores, especialmente as do astrônomo americano William Liller, que considera que os ahus estavam orientados em direção ao ponto em que o Sol se põe e nasce nos equinócios e nos solstícios de inverno.
Belmonte explica que há mais de 100 ahus na ilha, por isso seria necessário fazer um estudo estatístico "detalhado" para verificar se eram orientados em função da astronomia e da topografia, algo similar ao que, para sua surpresa, encontrou no Egito.
"Os egiptólogos diziam que os templos apontavam para o Nilo e nós achamos que os egípcios escolhiam lugares com uma orientação astronômica sugestiva, que, ao mesmo tempo, eram perpendiculares ao rio", declara. Segundo ele, em Páscoa poderia ter ocorrido algo similar, mas é preciso "um estudo profundo".
Uma peculiaridade dos ahus é que a maioria deles foi colocada de modo que as estátuas dão as costas ao mar, o que inicialmente sugere que a orientação dominante é a topográfica. Os moais "olhavam" para o povoado de seus descendentes, pois se acredita que sejam estátuas de grandes chefes mortos.
No entanto, os pesquisadores encontraram "conotações arqueoastronômicas interessantes" em estátuas situadas no interior da ilha. Dentre elas, uma está "claramente" orientada para as Plêiades e outras em direção à constelação de Órion.
A idéia de que os ahus e seus moais apontam para as estrelas parte das pesquisas feitas pelo antropólogo Edmundo Edwards, que reside em Páscoa e é casado com uma neta do último soberano aborígine da ilha.
Edwards tinha escutado as "idéias antigas e a tremenda importância" dada pelos anciãos de Páscoa às estrelas e, sobretudo, às Plêiades, que eles chamam matariki (pequenos olhinhos), e ao Cinturão de Órion, tautoru (os três belos) "mas não prestavam muita atenção no Sol".
Para os habitantes de Rapa-Nui, as Plêiades indicavam o princípio do ano no mês de Anakena, quando saíam ao amanhecer, e marcavam em sua última visão da tarde a estação de Hora-nui, a melhor do ano, quando começava a temporada de pesca e se realizavam rituais em homenagem aos antepassados em frente aos ahus com seus moais.
Órion também marcava o princípio do ano e o início das festas principais da ilha, em torno da primeira lua do verão.
No extremo oriental de Páscoa, na isolada península de Poike, existe, além disso, um lugar com uma pedra inscrita com gravuras conhecidas como "a pedra para observar as estrelas". Próximo ao local, existe uma representação de um mapa estelar.
Para Belmonte e Edwards, este mapa poderia ser uma representação bastante realista das Plêiades e a presença de anzóis em sua decoração sugere "uma conexão com a temporada de pesca", que vinha marcada pela aparição e pelo desaparecimento destas estrelas.
Belmonte explica que os habitantes de Páscoa utilizavam as estrelas como guia para a navegação e para o controle do tempo, através da observação de quando apareciam e sumiam em momentos específicos do ano. A observação das estrelas é fundamental no Pacífico para se orientar entre as ilha.
Para os pesquisadores, o solitário moai de Ahu Uri A Urenga teria apontado para a saída das Plêiades pouco antes da saída do Sol no solstício de inverno, dando assim começo a um novo ano de Páscoa.
Além disso, os sete moais de Ahu A Kivi, as únicas estátuas da Ilha de Páscoa que olham para o mar, teriam contemplado as estrelas de Órion justamente quando estas se punham sobre o horizonte marinho, indicando também a chegada do novo ano com a aparição da lua nova do mês de Anakena.
Uma dificuldade para a pesquisa é o fato de que todos os moais foram derrubados nas guerras civis que houve na ilha no século XVIII, e só começaram a ser reinstalados a partir da década de 50 do século XX, embora a maioria deles ainda permaneçam danificados.
EFE
Astrônomos dão nova visão sobre estátuas da Ilha de Páscoa
Enigmáticas esculturas da Ilha de Páscoa, os moais podem ter sido erguidos com o intuito de apontar para determinadas estrelas, que seriam mais importantes que o sol para a civilização Rapa-nui, segundo o astrônomo espanhol Juan Antonio Belmonte.
O pesquisador do Instituto de Astrofísica das Canárias fez, junto com o antropólogo da Universidade do Chile Edmundo Edwards, "uma reinterpretação arqueoastronômica" dos ahus - plataformas cerimoniais sobre as quais eram erguidos os moais -. Para isso, estudaram cerca de 30 desses lugares.
Ambos têm reinterpretado teorias anteriores, especialmente as do astrônomo americano William Liller, que considera que os ahus estavam orientados em direção ao ponto em que o Sol se põe e nasce nos equinócios e nos solstícios de inverno.
Belmonte explica que há mais de 100 ahus na ilha, por isso seria necessário fazer um estudo estatístico "detalhado" para verificar se eram orientados em função da astronomia e da topografia, algo similar ao que, para sua surpresa, encontrou no Egito.
"Os egiptólogos diziam que os templos apontavam para o Nilo e nós achamos que os egípcios escolhiam lugares com uma orientação astronômica sugestiva, que, ao mesmo tempo, eram perpendiculares ao rio", declara. Segundo ele, em Páscoa poderia ter ocorrido algo similar, mas é preciso "um estudo profundo".
Uma peculiaridade dos ahus é que a maioria deles foi colocada de modo que as estátuas dão as costas ao mar, o que inicialmente sugere que a orientação dominante é a topográfica. Os moais "olhavam" para o povoado de seus descendentes, pois se acredita que sejam estátuas de grandes chefes mortos.
No entanto, os pesquisadores encontraram "conotações arqueoastronômicas interessantes" em estátuas situadas no interior da ilha. Dentre elas, uma está "claramente" orientada para as Plêiades e outras em direção à constelação de Órion.
A idéia de que os ahus e seus moais apontam para as estrelas parte das pesquisas feitas pelo antropólogo Edmundo Edwards, que reside em Páscoa e é casado com uma neta do último soberano aborígine da ilha.
Edwards tinha escutado as "idéias antigas e a tremenda importância" dada pelos anciãos de Páscoa às estrelas e, sobretudo, às Plêiades, que eles chamam matariki (pequenos olhinhos), e ao Cinturão de Órion, tautoru (os três belos) "mas não prestavam muita atenção no Sol".
Para os habitantes de Rapa-Nui, as Plêiades indicavam o princípio do ano no mês de Anakena, quando saíam ao amanhecer, e marcavam em sua última visão da tarde a estação de Hora-nui, a melhor do ano, quando começava a temporada de pesca e se realizavam rituais em homenagem aos antepassados em frente aos ahus com seus moais.
Órion também marcava o princípio do ano e o início das festas principais da ilha, em torno da primeira lua do verão.
No extremo oriental de Páscoa, na isolada península de Poike, existe, além disso, um lugar com uma pedra inscrita com gravuras conhecidas como "a pedra para observar as estrelas". Próximo ao local, existe uma representação de um mapa estelar.
Para Belmonte e Edwards, este mapa poderia ser uma representação bastante realista das Plêiades e a presença de anzóis em sua decoração sugere "uma conexão com a temporada de pesca", que vinha marcada pela aparição e pelo desaparecimento destas estrelas.
Belmonte explica que os habitantes de Páscoa utilizavam as estrelas como guia para a navegação e para o controle do tempo, através da observação de quando apareciam e sumiam em momentos específicos do ano. A observação das estrelas é fundamental no Pacífico para se orientar entre as ilha.
Para os pesquisadores, o solitário moai de Ahu Uri A Urenga teria apontado para a saída das Plêiades pouco antes da saída do Sol no solstício de inverno, dando assim começo a um novo ano de Páscoa.
Além disso, os sete moais de Ahu A Kivi, as únicas estátuas da Ilha de Páscoa que olham para o mar, teriam contemplado as estrelas de Órion justamente quando estas se punham sobre o horizonte marinho, indicando também a chegada do novo ano com a aparição da lua nova do mês de Anakena.
Uma dificuldade para a pesquisa é o fato de que todos os moais foram derrubados nas guerras civis que houve na ilha no século XVIII, e só começaram a ser reinstalados a partir da década de 50 do século XX, embora a maioria deles ainda permaneçam danificados.
EFE
Re: Astronomia
Astronomia, que etimologicamente significa "lei das estrelas" com origem grego: (άστρο + νόμος) povos que acreditavam existir um ensinamento vindo das estrelas, é hoje uma ciência que se abre num leque de categorias paralelo aos interesses da física, da matemática e da biologia. Envolve diversas observações procurando respostas aos fenômenos físicos que ocorrem dentro e fora da Terra bem como em sua atmosfera e estuda as origens, evolução e propriedades físicas e químicas de todos os objectos que podem ser observados no céu (e estão além da Terra), bem como todos os processos que os envolvem. Observações astronômicas não são relevantes apenas para a astronomia, mas também fornecem informações essenciais para a verificação de teorias fundamentais da física, tais como a teoria da relatividade geral.
A origem da astronomia se baseia na antiga (hoje considerada pseudociência) astrologia, praticada desde tempos remotos. Todos os povos desenvolveram, ao observar o céu, um ou outro tipo de calendário, para medir as variações do clima no decorrer do ano. A função primordial destes calendários era prever eventos cíclicos dos quais dependia a sobrevivência humana, como a chegada das chuvas ou do frio. Esse conhecimento empírico foi a base de classificações variadas dos corpos celestes. As primeiras idéias de constelação surgiram dessa necessidade de acompanhar o movimento dos planetas contra um quadro de referência fixo.
A Astronomia é uma das poucas ciências onde observadores independentes possuem um papel ativo, especialmente na descoberta e monitoração de fenômenos temporários. Muito embora seja a sua origem, a astronomia não deve ser confundida com Astrologia, o segmento de um estudo teórico que associava os fenômenos celestes com as coisas na terra (marés) , mas que se apresenta-se falho ao generalizar o comportamento e o destino da humanidade com as estrelas e planetas. Embora os dois casos compartilhem uma origem comum, seus seguimentos hoje são bastante diferentes; a astronomia incorpora o método científico e associa observações científicas extraterrestres para confirmar algumas teorias terrenas (o hélio foi descoberto assim), enquanto a única base científica da astrologia foi correlacionar a posição dos principais astros da abóboda celeste (como o Sol e a Lua) com alguns fenômenos terrestres, como o movimento das marés, o clima ou a alternância de estações.
A origem da astronomia se baseia na antiga (hoje considerada pseudociência) astrologia, praticada desde tempos remotos. Todos os povos desenvolveram, ao observar o céu, um ou outro tipo de calendário, para medir as variações do clima no decorrer do ano. A função primordial destes calendários era prever eventos cíclicos dos quais dependia a sobrevivência humana, como a chegada das chuvas ou do frio. Esse conhecimento empírico foi a base de classificações variadas dos corpos celestes. As primeiras idéias de constelação surgiram dessa necessidade de acompanhar o movimento dos planetas contra um quadro de referência fixo.
A Astronomia é uma das poucas ciências onde observadores independentes possuem um papel ativo, especialmente na descoberta e monitoração de fenômenos temporários. Muito embora seja a sua origem, a astronomia não deve ser confundida com Astrologia, o segmento de um estudo teórico que associava os fenômenos celestes com as coisas na terra (marés) , mas que se apresenta-se falho ao generalizar o comportamento e o destino da humanidade com as estrelas e planetas. Embora os dois casos compartilhem uma origem comum, seus seguimentos hoje são bastante diferentes; a astronomia incorpora o método científico e associa observações científicas extraterrestres para confirmar algumas teorias terrenas (o hélio foi descoberto assim), enquanto a única base científica da astrologia foi correlacionar a posição dos principais astros da abóboda celeste (como o Sol e a Lua) com alguns fenômenos terrestres, como o movimento das marés, o clima ou a alternância de estações.
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